terça-feira, abril 19, 2005

Hoje...


O novo Papa foi escolhido:
"O cardeal alemão Joseph Ratzinger, 78 anos completos no último sábado, foi eleito nesta terça-feira o 265º papa da história. Considerado o braço-direito de João Paulo 2º, ele adotará o nome de Bento 16."

Não sei se isso vai mudar muita ciosa na minha vida...

Também tava lendo uma entrevista da sexóloga Regina Navarro Lins, publicada na revista Cláudia. "Ao criticar o romance água-com-açúcar, questionar a validade das uniões oficiais e pregar formas alternativas de ter prazer na vida, a psicanalista e sexóloga espalha um sopro novo nas discussões sobre amor, sexo e relacionamento." O título do texto é: Casamento e sexo são imcompatíveis. Ela critica o amor-romântico diz que os relaciomamentos convencionais estão com os dias contados. Em geral eu não concordei com o que ela fala. Pode ser que ela esteja com uma visão bem futurista da sociedade e das relações, ou então, baseada na sua experiência psicanalítica, sistematizou padrões comportamentais patológicos e associou a eles o cotidiano das relações legitimadas pela sociedade. Enfim, eu não entendo de psicologia e nem tive oportunidade de ler sobre o assunto que a Sra. Regina trata, só estou expressando meu ponto de vista como mera cidadã neurótica-psicótica e recaucada (como talvez me classificasse algum psicólogo). Com a leitura da entrevista tive a impressão que as pessoas que buscam viver um relacionamento estável, aquele dentro dos padrões sociais, políticos e religiosos está condenada a ter uma vida aquém do que poderia ter numa outra forma de relacionamento mais "liberal". Vou colocar alguns trechos para exemplificar melhor:

Claudia O que há de mau no amor romântico?
Regina Ele é calcado na idealização do outro. Você encontra uma pessoa e a inventa. Na convivência, tem de enxergá-la como de fato é e se sente enganado. O romantismo associou amor com sexo. Só que você pode fazer sexo inesquecível com alguém que acabou de conhecer numa festa. Prega-se ainda que o amor verdadeiro é para sempre e que dá para amar somente uma pessoa de cada vez. Tudo mentira!

Claudia Como fica a questão da fidelidade na relação a dois?
Regina
Fidelidade não tem nada a ver com sexualidade. Fiel significa ser verdadeiro e leal no sentimento com o outro. Não é estar com uma pessoa pensando na morte dela para herdar o patrimônio ou no medo de se ver sozinha. Se tenho marido e transo com outra pessoa, isso não diz respeito a ele e vice-versa. Casamento não é confessionário. Uma relação extraconjugal é um exercício de liberdade e pode ser benéfica à medida que liberta as pessoas. Se uma das partes se reprime em consideração ao cônjuge, essa opção traz muito mais prejuízo aos dois, já que o outro passa a ser um devedor. Qualquer coisa que ele fizer será cobrado por um desejo recolhido que nem sabe que existiu.

Claudia Como construir uma família se os pais não vivem juntos?
Regina
Há que se reformular a idéia tradicional da estrutura familiar e valorizar o afeto verdadeiro entre as pessoas. É mais prejudicial à criança perceber que os pais não têm mais tesão um pelo outro do que vê-los brigando. Ela sente que há algo ali meio depressivo, sem vida. Se a criança for amada e respeitada, você pode fazer a arrumação que quiser que ela se sai muito bem.

Outro dia tava assistindo ao Café Filosófico e quem palestrava era Márcia Tiburi:

"A filósofa Márcia Tiburi considera a democracia uma forma degenerada do poder e partindo desta definição ela levanta um complexo tema: Democratizar o amor e amizade. À luz do conceito democrático, a discussão deste tema pressupõe que amor e amizade são valores desejados por todos e para todos.
Partindo da premissa que o Amor, a Amizade e a Democracia são meros desejos, que o indivíduo pretende colocar em prática e que são conceitos inventados e recriados a cada tempo, Márcia Tilburi traça um panorama histórico do conceito Democracia, desde a antiga Grécia, passando pela Idade Média e séculos XVIII e XIX. Em seu discurso ela destaca que a construção cultural dos valores de amor e amizade sempre esteve atrelada à manutenção do poder e ao seu significado. Daí, o conceito do "amor romântico" ser, segundo a filósofa, uma invenção perversa e ideológica relacionada à condição da mulher. A palestrante também relaciona estes conceitos com a questão da felicidade. Por fim, expõe a possibilidade democrática de construção dos afetos, pela qual é permitido ao indivíduo se proclamar segundo seu prazer diante da vida, em oposição aos padrões determinados."

Achei super legal a perspectiva que a Márcia colocou - histórica e filosófica das relações, passando também pela psicologia, mas numa abordagem bem científica e imparcial (na medida do possível). Fazendo um comparativo da sexóloga com a filósofa, a primeira parece impor determinadas formas de relacionamento como sendo mais eficazes. Como já disse, isso pode ser a estrutura das relações do futuro, e no meu campo de visão elas parecem meio inconcebíveis. Se as relações de hoje são contruídas com pessoas que carregam muitas crises em sua psiqué, imagina aí uma nova perspectiva sem regras, totalmente livre e desmedida! Acho que iria pirar o cabeção de muito mais gente. Aprendemos que devemos impor limites às crianças para gerar aldultos responsáveis e equilibrados. E se não houver estrutura familiar? Não digo necessariamente pai e mãe numa casinha cor de rosa, mas equilíbrio. Toda mudança gera desequilíbrio, mas estou falando de uma nova concepção de homem e consequentemente de mundo. Um mundo hedonista. (Hedonismo: antigo sistema filosófico que considerava o prazer como único fim da vida; doutrina que considera que o prazer individual e imediato é o único bem possível, princípio e fim da vida moral. Dicionário Online)

Eu sou aquela amante à moda antiga...

Mas adoro ver a contrução pos pensamentos e valores, verdades que viram mentiras e vice e versa, porque nada é tão estável e imutável. Afinal, qual seria a graça mesmo?

Falow!

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