terça-feira, dezembro 28, 2010


Já fui mais apegada a rituais e hoje me considero bem menos supersticiosa. O fato é que gosto de anos pares. Os anos ímpares me assustam um pouco como se neles coisas desagradáveis tivessem mais probabilidade de acontecer. Mera superstição, medo do desconhecido.

2010 foi um ano meio sem planos, sem objetivos concretos pelo que eu lembre. Nada de escrever no caderninho ou na agenda as metas para o ano que chegava com calendários prontos para serem preenchidos com atividades que me tornariam uma pessoa melhor.

Bem, o ano foi marcado por uma sensação conflitante da passagem do tempo. É assim: torço pra que a semana passe bem rápido e me surpreendo quando o mês se vai. O paradoxo é: falta tempo pra tudo e eu torcendo pros dias passarem rapidamente. Complicado né?


Durante o ano inteiro pareceu que eu não estava dando conta de tudo o que deveria ou queria fazer. Os fins de semana foram sufocados por eventos sociais, trabalhos do MBA e aquele livro ou série que eu nunca consegui ler ou ver. Cobranças pessoais, mente inquieta e pouca concentração. Fuga das obrigações formais e uma entrega menos culpada aos lazeres. Poucos filmes, quase nenhum livro lido, pouca escrita, muito sono.

Com o tempo tenho perdido, por opção natural, o impacto que datas como essas me causavam. Não há reset na passagem do ano para mim. Os pensamentos predominantes ainda são: vai chegar Janeiro e começa tudo de novo. Em 2010 fui, como nunca, movida a diversão, acontecimentos fora do comum, feriados, não-trabalho. Uma espécie de tédio generalizado. Mas sem depressão ou tristeza, apenas a vontade de viver momentos extra ordinários. Em 2011 isso deve mudar e dar lugar à satisfação gerada pela disciplina e planejamentos organizados.

Por um momento me senti cheia de coragem para mudar o rumo profissional, mas o fiz de maneira bem mais conservadora do que esperava e isso ocorreu inesperadamente, sem que eu verdadeiramente quisesse. Contudo, houve mudança na hora em que eu precisava que houvesse. Foi melhor? Pior? Não sei. Mas em 2011 pretendo reclamar menos e agir mais.

O que eu espero para 2011 é a sabedoria para administrar bem o meu tempo e o tempo do mundo. Aproveitar as oportunidades e assim me dedicar mais ao que realmente importa - o que requer que antes eu saiba mensurar o que realmente importa. Fazer algo mais consistente pelos outros, aprender a valorizar o ensinamento e não apenas a aprendizagem. Lutar contra a intolerância que a segurança da vida a adulta nos proporciona e administrar o conflito: ser legal e dizer não. Cuidar da alimentação, fisiológica e espiritual e igualmente exercitar o corpo e a fé (ou filosofia). Para isso, ficar quieta, ler mais e ter conversas mais relevantes, adotar disciplina como palavra de ordem e quem sabe contar com um novo blog ou agenda à moda antiga que me ajude a delinear os próximos passos.

Perdi nesse ano uma das pessoas mais importantes para mim. A minha avó amou muito a sua família e entregou toda a sua vida por nós. Viveu com lucidez e com a fé que poucos conseguiam compreender. Sustentou a todos nós através de suas orações e nos ensinou o melhor caminho a seguir com a sabedoria que nenhuma academia é capaz de transmitir. Se foi serenamente, como quem estava realmente preparada para enfrentar o fim. Todos nós temíamos por esse momento. Hoje, sinto saudade e um vazio, como alguém que perdeu um refúgio, um porto seguro, um lugar.

Eis i processo natural da vida, desequilíbrio e acomodação. Acho que 2010 começou com acomodação e terminou com desequilíbrio. E 2011? Depois eu conto...