quarta-feira, setembro 16, 2009

Café com Leite

Lembra o tempo de criança em que às vezes nos atribuíam a categoria café-com-leite nas brincadeiras? Significava que não participávamos do jogo propriamente dito, ou seja, não poderíamos ganhar e da mesma forma não seríamos perdedores. Entretanto, nós jogávamos.

Já adultos às vezes optamos em ser Café-com-leite. È o que chamamos omissão. Faz de conta que é bom estudante, bom amigo, bom profissional, bom namorado ou cônjuge, bom filho e por aí vai... Essa “brincadeira” pode ser momentânea e esporádica, ou durar o sempre. Pode ser consciente ou não. Pode ser fuga ou libertação. Mas nela é você que escolhe o que quer ser.

Pode também ocorrer o inverso. Você quer entrar no jogo pra ganhar, mas tem que ser café-com-leite. Tem que se limitar a conhecer as regras, treinar e até competir, mas nesse jogo você nunca vai ganhar e isso traz a sensação de que na realidade você perdeu. O problema é que dessa vez não temos escolha. Ou temos? A escolha é passar longe, fazer de conta (o sujeito café-com-leite adora fazer de conta) que esse jogo não nos atrai.

Tentamos driblar emoções, sentimentos para finalmente acreditar que tudo está certo. Que é assim mesmo. E que logo, logo, no jogo da vida, algum prêmio nos será entregue pela capacidade que tivemos de resistir.

Então ser café-com-leite é uma droga, pois essa condição não lhe isenta do desgaste do jogo, da queda, do cansaço. É ônus sem bônus.

Vale a pena?
Sou muito jovem para responder.

domingo, setembro 06, 2009

Música para os meus ouvidos

O Cidadão Instigado atingiu a superação em Uhuuu - seu novo álbum que sucede o Método Tufo de experiências (2005). Foi um intervalo de 4 anos bem amadurecido que trouxe para Uhuuu possibilidades de se dialogar e se instigar com a vida, acompanhados das mesmas melodias modernas, psicodélicas, bregas, tristes e muito dançantes além da voz natural do Fernando Catatau. Pelo que tenho lido das entrevistas com a banda, esse disco foi feito com mais liberdade e leveza que o anterior. Acho que o sucesso de crítica e público do Método Tufo mostrou que a livre criação é o melhor caminho e principalmente que em se tratando de arte musical não é necessário responder todas as perguntas nem tão pouco enquadrar-se em moldes fonográficos.

O disco é composto de 11 faixas. Abre com “a radiação da terra” um som psicodélico onde a banda usou bem os gritos desesperados, bem característicos deles e que fazem toda a diferença. Ah, nessa faixa Jericoacoara é citada. “Como as luzes” é aquele brega dançante, pra dançar colado ou não e chorar uma boa dor de cotovelo. Catatau continua falando de amor assim como em “Contando estrelas” no Maaaarrrr. “Deus é uma viagem” é de uma profundidade incrível, impossível não refletir quando iniciam a melodia medieval no fim da música. Essa eu toco bem alto!

A seguinte é meu chodó do momento “Dói”, uma conversa franca, um relacionamento mal resolvido, muito sentimento. “Doido” tem um som moderninho (no diminutivo mesmo), uma preocupação com a loucura da vida moderna e acho que fala da não-privacidade. “Escolher pra quê” traz um dilema: Sol que queima as pestanas ou a chuva que inunda tudo como o mar? Mostra que Em “Homem velho” existe um desabafo e ao mesmo tempo um desejo de vir a ser. “O cabeção” eu ainda não digeri direito, mas acho maior graça do “piolho espião” que tá conectado diretamente com o cabeção, o Arnaldo Antunes participa dessa. “O Nada” é a música mais antiga do Cd, já cantada ainda nas apresentações do método tufo, essa canção é bem poética eu diria e engraçada. “Ovelhinas” é um barato, o Catatau começa contando até 16?! Ainda não ouvi muito e não sei o que ele quer dizer, mas me traz a idéia de mostrar o lado feio das coisas fofas, ou ainda, no fim só vão restar os tapurus mesmo.

Ultimamente tenho renovado minha playlist. Estou ouvindo também o projeto +2 do Kassin, Domenico e Moreno Veloso, o novo trabalho do Ludov (não me agradou até agora), o novo do Nando Reis e agora mesmo to baixando os novos singles do Mombojó.

Gostei desse texto sobre o Uhuuu: Revista O Grito