terça-feira, janeiro 29, 2008

Fala que eu te escuto!

Ontem a noite estava relendo alguns posts do blog.
É muito bom deixar registros da nossa rotina, mesmo que aparentemente insignificantes, porque depois a gente pode perceber o quanto mudou ou não. Além do mais, escrever de vez em quando estimula o pensamento e nos força a organizar as idéias mais linearmente.

Por isso me deu uma vontade de escrever qualquer coisa, apenas para ser relida em janeiro de 2009...

Como sempre acontece comigo, os momentos em que fico menos ocupada ou com menos compromissos, ao invés de serem bem aproveitados, geram em mim um sentimento de angústia, a sensação de que estou ficando para trás, perdendo tempo. Isso cria uma irritação moderada, o que faz com que qualquer frustração tola torne-se para mim um desagradável acontecimento, fazendo com que passe alguns dias meio down.

Engraçado né? Eu estou sempre querendo ter tempo para fazer N coisas, aí num momento oportuno para coloca-las em prática eu fico travada...
Por enquanto continua a indecisão sobre tudo o que se puder imaginar na vida...Vivendo mais um momento adolescente daqueles em que nos perguntamos: Quem sou eu? Achei que isso já tinha passado pra mim, mas pelo visto é algo que me acompanhará sempre. Por um lado gosto disso, afinal é bom fazer avaliações sobre nós mesmos e quem sabe arquitetar uma mudança nem que seja só exterior. Mudar é necessário. Mas quando tudo, ou quase tudo, pede uma mudança é bom parar um pouco: Ops, será que o problema não sou eu? Insatisfeita...cansada...entediada...
Mas ta tudo tão bem...tão no seu lugar.

O ano começou e Janeiro já aponta para o fim. Passei o mês ocupada com orçamentos para o casamento. Foi um mês mais distante do Robertson, porque com a mudança a gente não se vê mais todo dia. Me senti só, em meio a tantas decisões...coisa que não sei fazer. Decidir. Tão chato. Os amigos sempre tentam ajudar, dando mil de uma dicas, mostrando centenas de possibilidades...e eu? Penso o que eu realmente quero. Até onde posso ir? Por onde começar? Quero começar bem, é só que quero. Quero tranqüilidade, paz, coragem, alegria, energia, novidade, criatividade.

Quanto mais opções surgem mais fico confusa. E Deus? E o sentido do que vamos fazer? Confessar a Deus a opção por vivermos juntos até que a morte nos separe.... Soa piegas e assusta também. “Para sempre”... Existe isso? Existe até onde a gente quer que exista. É assim que eu vejo. No mais fico preocupada com o orçamento, cortando pessoas da lista, chorando por descontos, abrindo mão da nossa “viagem dos sonhos” ou da “decoração do apartamento”. E eu que tinha a convicção de que valeria a pena.... ainda é cedo para dizer se vale, o fato é que só saberei quando tudo passar. E esse preço eu vou pagar. Mesmo hesitando...pois tenho horror de que tudo passe sem que nada disso ocorra e fique em mim a sensação do arrependimento.

Ademais, não avancei sequer um milímetro nos meus projetos profissionais. No momento parece que terei que abdicar inclusive disso também para realizar o tal casamento. Noites mal dormidas, já comecei a emagrecer...precisa mesmo de tudo isso? Não pode ser mais simples não? Isso ta quebrando com a magia do momento...com os planos a dois, a expectativa do dia, da lua de mel, dos primeiros dias na casa nova...

Seria um anti-casamento? Como tenho observado formou-se na nossa cidade uma indústria do que chamam casamento. Por favor, não se identifique como noiva em lugar nenhum, pois certamente será explorada financeiramente. Tudo em nome dos sonhos, dos sentimentos, do glamour, da realização. Eu não me encaixo nesse nicho de mercado, eu não quero comprar sonhos prontos, eu quero apenas fazer tudo sem sentir que estou sendo assaltada e claro poder comprar uma Geladeira Brastemp, uma cama Box Absolut Spring da Ortobom com molas pocket e tudo mais... também aquelas salas da Decorart ou da Jacaúna ou pelo menos um sofá chaise com poltronas lindas combinando...

Nessas horas entendemos a importância da droga do dinheiro! A gente começa a querer muito, querer o melhor...e vimos que não podemos. Acredito que daí nascem os instintos consumistas que vão se desenvolvendo até que você, com sua casa montada, começa a querer trocar os móveis, caso não tenha ainda um filho ou filha e queira naturalmente enche-lo de apetrechos infantis que as lojas colocam como indispensáveis. Veja quão sutil é a sua imersão na máquina capitalista. Quando assisti ao filme Edukators, um dos diálogos mostrava isso: o cara atacado pelos jovens falava que um dia tinha o mesmo espírito revolucionário e de resistência ao sistema, mas aí casou, teve filhos e sentiu a necessidade de oferecer conforto à família e de trocar de carro etc. etc. O resultado: dane-se os que não têm, eu preciso garantir o meu... doce egoísmo. E mais um cristão se desfaz, mesmo indo à igreja todo domingo...

Ai, ai...escrevendo essas linhas sem pensar direito vejo que nem tudo aqui faz sentido. Mas é bom desabafar nesse espaço, mesmo que me sinta exposta. Aqui eu tenho voz!

Ah, como deixar a melhor novidade de fora???!!!!
Vou finalmente explorar terras pernambucanas. Vou pro carnaval em Recife/Olinda!
Lado bom: Vou com Érika, minha amiga-irmã, vamos numa excursão o que aparentemente vai ser organizado e teremos um lugar bom pra descansar. Vamos também a Porto de Galinhas e Itaparica. Vou passar 5 dias longe de toda essa confusão!!!!
Lado ruim: Robertson não vai, vou gastar dinheiro num momento impróprio, Parafusa não vai torcar nesses dias (isso é o pior)...e Mombojó vai se apresentar mas eu provavelmente não vou ver pq as meninas provavelmente não irão e eu não vou só.

Mais vai ser lindo eu cantando a Marchinha naquele lugar!

Hasta pronto!
:)