segunda-feira, outubro 30, 2006

Passei por aqui...

Eita, faz tempo que não venho por aqui.


Mas tá difícil mesmo de manter os posts atualizados.
Nesse fim de semana consegui descansar, ainda mais hoje de manhã não precisei ir à escola, porque lá foi seção eleitoral e a regional liberou o turno da manhã. Isso não é tanta vantagem porque provavelmente teremos que repor esse dia na sexta. Mas felizmente esse planejamento está com a Gina, que é a minha parceira na regência.

Essa experiência de sala de aula está sendo menos “legal” do que eu imaginava. Eu sinceramente imaginei não seria tão difícil conseguir motivar aquelas crianças, mesmo sabendo das muitas dificuldades de ordem social e econômica que vivem. Não dá pra ter o mesmo resultado com todos, a grande maioria deles não quer mesmo saber o que temos a ensinar, sempre dizem não. Assim temos que dispor de muita criatividade e bom humor para, sequer conseguir sua atenção mesmo que por poucos instantes. Os alunos em geral não sabem ler nem escrever, alguns copiam mas não sabem decodificar o que escrevem no caderno e uns três deles lêem com dificuldade.
Ah, se fosse apenas isso estaríamos felizes e confiantes de um bom resultado. Pior é contar com o alto grau de indisciplina que há na sala. São crianças que só respondem mediante gritos e repressão, pois provavelmente estão condicionadas a esse tipo de tratamento em seus lares e na escola. A garganta não agüenta muito tempo. E o pedagógico fica no bolso.
Trabalhar a autonomia deles requer um esforço sem fim e o feitiço dessa autonomia pode virar contra o feiticeiro.
O que fazer?

Ontem estava lendo sobre a política de formação de professores e o texto expunha as discussões em torno da essência do curso de pedagogia e ainda mais sobre o papel do pedagogo professor, se é que eles são um só.Há quem defenda que pedagogo é o bacharel em educação e que professor é licenciado para ensinar. Esse mesmo grupo defende a especialização (no sentido estrito) da formação docente que seria conteúdos e didática, nada mais, seu campo de ação restringiria-se à sala de aula. Pensar os problemas escolares contextualizando-os com a política, com a vida social do educando, com as crises econômicas mundiais e com os interesses partidários/ideológicos/internacionais/...ah, isso ficaria pro acadêmico, isso não teria que chegar aos bancos das salas de aula do ensino fundamental ou médio. Mas o outro grupo diz que o professor/pedagogo é um agente social que deve trabalhar para muito além dos conteúdos, ele deve (de)formar plenamente o indivíduo para ser cidadão, torna-lo ciente de suas possibilidades e capaz de exercer seu papel sociedade. Cada um deve fazer seu papel direitinho, como uma tarefa de casa.
Bem, o professor carrega muitas responsabilidades e no fim das contas sua identidade confunde-se com o que sabe, o que tem culpa, o que resolve tudo, o que aliena, o que mantém o satus quo...pobre professor? Ele sequer sabe de todo esse poder que supostamente tem nas mãos?

Na minha sala me sinto meio impotente e nem acho que tenho tantos poderes assim.
As vezes receio que tantas discussões em torno dessa formação de professores não seja um questão de satisfação ao ego, e de repente alguém pode dar um passo maior do que as pernas. Acho que se tem alguém que deve ser o centro de toda e qualquer discussão esse é o aluno, nosso cliente ao qual devemos total respeito e seriedade, ele é nosso brilho, seu aprendizado é o nosso, e seu sucesso também. Não afirmo que o professor deva ser esquecido, muito pelo contrário. É urgente lutar por melhorias para a classe, exigir salários justos, condições de trabalho, valorização da categoria, etc, etc...Contudo, é imprescindível perceber-se docente, ter uma identidade firme e definida. Com responsabilidade na medida de nossa capacidade e campo de ação, uma coerência entre falar e fazer.
Somos a cruz do mundo? Não.
Mas não podemos nos eximir da nossa participação nessa crucificação.

Isso que escrevi acima, foi nada menos que frases meio soltas e que provavelmente não chegam a conclusão nenhuma e nem pretendem chegar... Não fiz revisão de nada...vai ser postada como veio ao mundo.

Nesses dias as minhas responsabilidades estão postas à prova e meus limites também.
Tenho negligenciado muitas coisas: trabalhos na faculdade, retorno de ligações pros amigos e também um apoio presente para muitos deles, atenção para a família e principalmente pra mim também. Espero poder dar conta de tudo nesse semestre e me aliviar mais no próximo.
Existem outros projetos que quero dar andamento...o tempo ta passando muito rápido os prazos vencendo. Felizmente o prazo quem dita sou eu...e nesse momento o melhor a fazer é definir as prioridades e trabalhar por elas.

O Lula foi reeleito. Uma alegria insegura de quem não tem plena convicção do que há de vir. Mas acredito que ele merecia uma nova chance.

Estamos praticamente em Novembro! Caramba...fim do ano ta aqui! Não vejo a hora do décimo terceiro e também das minhas férias no início do ano. Até lá ainda serão noites em dormir, cansaço, preguiça, desânimo, raivas, alegrias, conquistas...aprendizado!
Amanhã eu e o Robertson completamos 7 anos de namoro. Quanto tempo...
Tá na hora de casar já....

Fui!

=]



2 comentários:

Elisa65 disse...

Eu sei o quanto é difícil ser professor. A minha mãe ensinava crinaças também. Ela desistiu. Abandonou a

carreira. Isso não é um trabalho qualquer. São algumas dezenas de pessoas ali na sua frente e vc tem passar

algo a elas, mas como fazer isso se elas não querem?? Outro dia vi uma moça no ônibus conversando com uma

miga. Ela é professora dos pequeninos! Pelo jeito, ela ama o que faz, mas se sente desmotivada. Pra começar,

tem muitos pais que confundem as coisas. Acham que os professores devem fazer o papel de pais e ensinar

quase tudo às crianças. E na verdade muitas coisas devem começar em casa mesmo. Do contrário, de nada

adiantará o esforço de pessoas tão dedicadas. Coisas como ética, dignidade devem ser começadas a ser

ensinadas em casa pelos pais. Mas isso, infelizmente, parece uma corrente que não quer ser quebrada. Muitas

vezes, os pais só repetem a "educação" que tiveram. Pensam que ter um filho é só por no mundo... Que triste.
Eu espero que vc tenha sorte e consiga algum resultado bom. Alguma coisa há de acontecer nessa sala!!!

Eita! Outra madrinha! Deixa a bichinha ir de preto :)

Beijão!!

Patrícia Félix disse...

As mazelas da educação são muitas...dá nem pra enumerar...
Os acadêmicos vivem disertando sobre tudo, mas na prática nada têm muito efeito...o desestimulo é inevitável.
Os meus pequininos são dificeis de lidar, não obedecem (embora isso seja em parte uma virtude), e têm muitos conflitos familiares q trazem para a sala de aula...
Ah, vou fazer o que puder pra ajudá-los, mas não posso resolver seus problemas familiares, nem arranjar emorego para os pais, nem catar seus piolhos...

Olha, se eu fizer festa de casamento o povo vai poder ir do jeito que quiser...preto, branco, roxo...comigo tem frescura nao!
E vai todo mundo aparecer na foto, pq tem uma amiga q vai a=casar esse mês e eu tava dizendo pra ela que ia pro casamento dela de sandália rasteira pq não sei andar de salto, aí ela: "tudo bem, mas fique sabendo q nao vai sair nem em foto nem na filmagem"...
Tu acha?!

=p